Porto Feliz
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- Bandeira Brasão
Aniversário da Cidade: 13 de outubro.
Fundação: 1797
Altitude: 523 m
População: Aproximadamente 50.000 habitantes
Área Total: 557,9 km²
CEP: 18540-000
DDD: 15
Acessos: Rodovia Presidente Castelo Branco – SP 280
Rodovia Marechal Rondon – SP 300
Distância:São Paulo Capital – 110 Km em direção Leste para Oeste do Estado
Clima: Clima subtropical úmido, marcado por características definidas, sendo os verões quentes e secos.
Temperatura: Temperatura média anual na faixa de 21ºC.
Latitude: 23º 13
Longitude: 47º 31
Hidrografia: rio Tietê, ribeirões Pinheirinho, dos Pilões, Água Branca e Avecuia (abastece o município).
Fontes de Renda: Agricultura, pecuária, indústria e comércio.
Sede Administrativa: 4ª Região-Sorocaba- O início
Porto Feliz nasceu na margem esquerda do rio Tietê, em um lugar que os indígenas nativos chamavam de Araritaguaba (termo tupi que significa “lugar da pedra de arara“, através da junção dos termos arara (“arara”), itá (“pedra”) e aba (“lugar). O mais antigo registro conhecido do local é de 1693 e refere-se a uma fazenda de António Cardoso Pimentel que originou o povoado. Um decreto de 13 de outubro de 1797 elevou o povoado à categoria de vila e mudou o nome para Porto Feliz. A cidade tem uma economia diversificada baseada na agricultura e em pequenos e médios estabelecimentos industriais. Na zona rural da cidade, observamos o predomínio da monocultura da cana-de-açúcar.
A origem do nome Porto Feliz
A Vila de Porto Feliz foi criada no reinado de Dona Maria I, rainha de Portugal. O documento de criação foi assinado pelo governador da Capitania de São Paulo, António Manuel de Melo e Castro de Mendonça, no dia 13 de outubro de 1797.
O povoado às margens do rio Tietê, chamado anteriormente Freguesia de Araritaguaba, pertencera até então ao termo da vila de Itu. Com a condição de vila, Porto Feliz alcançou a sua autonomia. A vila era uma unidade política e administrativa autônoma equivalente a município, com direito a ter Câmara e cadeia. Conquistada a condição, uma das primeiras providências deveria ser o levantamento do Pelourinho, uma coluna que simbolizava a autonomia, geralmente feita de pedra. O termo era o território da vila, dividido em freguesias. A sede do termo ficava nas respectivas vilas ou cidades.
O documento assinado pelo Governador concedia à freguesia de Araritaguaba a condição de vila, denominando-a Vila de Porto Feliz, e determinava a definição do território do termo, a ereção do Pelourinho, a demarcação do terreno para a construção dos Paços do Concelho e cadeia, a eleição de juízes, vereadores e demais oficiais da Câmara Municipal. O ato atendia ao pedido dos moradores da freguesia de Araritaguaba, que nesse sentido enumeravam os vários incômodos atribuídos à distância de léguas da sede do termo, a Vila de Itu. Mas, o Governador também o justificava por ser o local um porto frequentado por comerciantes das minas de Cuiabá e por expedições destinadas por Sua Majestade Fidelíssima aos vastos sertões, algumas delas chegando a alcançar a fronteira da América Espanhola. Em seguida, o governador vaticinava: por isso, Porto Feliz tem toda a capacidade e disposição para vir a ser em poucos anos uma das vilas mais opulentas desta capitania.
Praça Dr Jose Sacramento e Silva, largo da Matriz
O último mapa da série interessa particularmente aos estudiosos da história de Porto Feliz e ao mesmo tempo é um documento importante para o estudo do comércio no Brasil central. Trata-se do “Mapa dos gêneros, mercadorias e efeitos que saíram desta capitania de São Paulo para a de Cuiabá e Mato Grosso, pelo Porto Feliz no ano de 1801″. A exportação citada nesse documento partiu toda de um único porto fluvial, o antigo porto de Araritaguaba que em 1797 fora denominado de Porto Feliz pelo próprio Antônio Manuel de Melo e Castro de Mendonça. Os gêneros citados na estatística do capitão general foram embarcados em grandes canoas como nos primeiros tempos das grandes monções. As expedições monçoeiras do século XVIII partiam de Porto Feliz e desciam todo o Tietê abaixo, depois entravam no Paraná e subiam o Pardo acima, em seguida varavam em Camapuã para descerem o Coxim e o Taquari e navegarem a contra-corrente pelo Paraguai, São Lourenço e Cuiabá.
O documento permite avaliar a variedade dos produtos exportados através de Porto Feliz. O mapa relaciona os seguintes gêneros: sal, farinha de mandioca, feijão, farinha de trigo, marmelada, ferro, aço, chapas de cobre, cera do reino, chumbo, vinho, aguardente do reino, aguardente da terra, malvasia, azeite doce, vinagre, escravos, machados, enxadas, foices, almocafres, pregos sortidos, cravos de ferrar, alavancas, fazendas, panos de algodão, louças, pólvora, capados. No meio do rol de mercadorias são citados 46 escravos, entre vasilhames de vinagre e centenas de machados.
De Mato Grosso, só poderiam chegar a Porto Feliz artigos preciosos. Primeiramente, o ouro. Mas também vinham a poaia, a salsaparrilha e alguns medicamentos da farmácia caseira comuns naquela época. Taunay alerta para o fato de que a tal respeito silenciam as estatísticas do capitão general. Ele nada diz sobre o ouro que possivelmente ainda era despachado de Cuiabá. O Governador que anteviu um futuro de opulência para São Paulo e para a antiga freguesia de Araritaguaba não conseguiu imaginar que a rota fluvial do Tietê seria abandonada ao longo do século XIX, sendo aos poucos substituída por caminhos terrestres que deixaram ao largo o antigo porto das monções e a Vila de Porto Feliz. O texto “A origem do nome Porto Feliz” é reprodução de artigo publicado em MR-USP pelo historiador Jonas Soares de Souza
O Parque das Monções em Porto Feliz(SP) guarda boa parte da história da cidade. Ele foi construído em 1920, mas a importância do local é bem mais antiga. Quem visita o local aprecia no meio da floresta a capelinha de pau a pique, uma réplica da que foi erguida pela igreja católica em 1.700.
Rusticidade que agrada turistas. ” Ela está no meio do mato, longe de tudo. Era uma vida muito sacrificada, mas teve ser gostoso”, diz a comerciante Vera Lúcia Martins.
Expedições em busca de riquezas no Mato Grosso e Goiás saíam de Porto Feliz no século XVI também saíam do parque. Em navios como as que estão expostos, expedicionários percorriam quilômetros com famílias inteiras.
Em outubro, a cidade revive os passos da saga dos Bandeirantes, homens que usaram o rio Tietê para chegar até os estados distantes e colonizar os rincões mais profundos do Brasil. As roupas da época ajuda a recontar um pouco dessa história. Desde a década de 60 um grupo de teatro da cidade ocupa o parque para encenar o movimento da saída e da chegada dos barcoa no porto.
O passeio a Porto Feliz é uma experiência que alia conhecimento de história e segredos sobre a formação geológica de São Paulo. Diante do paredão, a família de Birigui (SP) se surpreende. “Esse paredão é muito especial para Porto Feliz porque o nosso primeiro nome vem daqui. Por causa disso eles deram o primeiro nome da nossa cidade: Porto de Araritaguaba que quer dizer: local onde a arara pica a pedra”, relata Lurdes Kerche, coordenadora de turismo.
Paredão do Parque das Monções
Tomado pelo mar
Estudiosos dizem que muitos milhões de anos atrás todo o parque era mar. “Há mais ou menos 270 milhões de anos existia um mar em toda esta região. Aí a ciência tem que mostrar provas. Quais são as provas: primeira a formação do paredão: areia, a pedra e o sal”, explica a coordendora.
Um lugar assim, cheio de belezas naturais, esculpido pelo passar dos milhares dos anos tem também uma mãozinha do homem para encantar quem vem pela primeira vez. Em 1924, quando os missionários franceses visitavam a cidade, notaram uma semelhança entre o paredão daqui e um outro que existe na França.
Com a permissão da igreja católica, os padres franceses escavaram uma gruta onde colocaram uma imagem da santa. Desde então, o ponto virou roteiro do turismo religioso. “O que dá pra perceber é a beleza com que se conseguir escavar essa gruta e fazer um local que traga uma energia muito positiva. É essa que a gente sente, a simples presença aqui, independente da crença religiosa. ser mais católica ou menos católica”, diz o advogado André Fogaça.
Monções
De origem árabe, a palavra monção significa “estação do ano em que se dá determinado fato”. No Brasil, o termo deu nome às grandes expedições fluviais que se realizavam no século XVIII com destino às terras do Oeste, após a descoberta das minas em Cuiabá (MT). Eram organizadas entre os meses de abril e setembro, época considerada mais propícia.
Existiam dois tipos de Monções: As Reiunas (ou Oficiais) e as Particulares.
Reiunas, ou Oficiais – eram organizadas pelo Governador, com o fim de transportar forças militares e autoridades administrativas. A mais célebre foi a do governador Rodrigo Cézar de Menezes. Partiu do porto de Araritaguaba para Cuiabá (MT) em 1726, com 308 canoas e cerca de 3 mil pessoas.
Expedições particulares – de iniciativa privada, objetivavam o Comércio com as zonas de mineração. A última Monção particular de que se teve notícia em Porto Feliz foi a de Fermino Ferreira. Seu fim se deu frente à dificuldade das cachoeiras e corredeiras. Com o tempo, passaram-se a utilizar novos caminhos, à medida que o ouro de Cuiabá e Goiás ia-se tornando raro.
A Partida
O dia de partida de uma Monção era sinônimo de grande movimentação e festa em Araritaguaba. Desde o clarear do dia, canoas e batelões recebiam os carregamentos a serem utilizados durante a viagem e vendidos nas minas. Constituíam-se de alimentos não-perecíveis, como: farinha de milho e mandioca, feijão, toucinho, sal e carne salgada; barris de aguardente produzida na terra; armamentos e munições. Tarefas cumpridas, piloto, proeiros, remadores, soldados, escravos e outros passageiros aguardavam em seus postos a chegada dos bandeirantes chefes e o momento de partir. O desejo de enriquecimento rápido e o espírito de aventura pareciam lhes furtar, por alguns instantes, a distância a ser vencida, os rios a transpor, a ferocidade dos índios e tantos outros sofrimentos à sua espera. Antes da partida, todos recitavam uma ladainha, sucedida pela benção final do sacerdote.
Momento de partir: todo o povo concentrado no porto. Tiros eram dados, rufavam os tambores. Uma a uma, as canoas iam descendo o grande rio, tremulando bandeiras coloridas. À sua frente, 3500 Km de águas para superar, dos rios Tietê, Paraná, Pardo, Coxim, Taquari, Porrudos e Cuiabá, até atingirem a região das minas de ouro. O trecho mais difícil era a subida do Rio Pardo, onde se gastavam até dois meses. Nas cachoeiras, as canoas desciam seguras, amarradas por cordas, e as cargas, sobre os ombros dos tripulantes.
A Volta
Passavam-se meses… De repente, um tiro de arcabuz rompia o silêncio de um vilarejo aparentemente deserto. As casas de Araritaguaba davam sinal de vida. Todas as atenções voltavam-se para o grande rio. Era uma Monção que vinha chegando de Cuiabá. O povo se dirigia rapidamente ao Porto, com grande inquietação e expectativa pelo retorno ou, ao menos, notícias de entes queridos. No dia seguinte, o povoado amanhecia movimentado. Com a descarga das canoas no Porto, Araritaguaba, pobre e quieta, tornava-se por alguns dias rica e agitada. O ouro corria como dinheiro e, com grande facilidade, eram gastas as riquezas adquiridas com tanto sofrimento.
O Batelão
Batelão era a embarcação utilizada nas expedições (fundamentalmente, a piroga indígena), fabricada de um tronco só de Peroba ou Ximbúva, madeiras muito resistentes. Esse canoões tinham 1,65 m de largura, 12 m de comprimento, 1,15 m de profundidade e sua espessura, 0,67 m. Acomodavam cerca de 90 sacos de mantimentos. Os aperfeiçoamentos introduzidos se limitavam à utilização de juntas de ferro e cobertura de lona para proteção contra chuvas. A tripulação era composta pelo piloto, contra-piloto, proeiro e 5 ou 6 remeiros. Esses canoões tinham extremidades na proa, para os remeiros, e outra na pôpa, para o piloto. Numa Monção, a canoa maior servia de guarda e guia, levando na pôpa uma bandeira com as armas portuguesas.
Obs: no Parque das Monções, existe um exemplar dessa embarcação (foto). Na verdade, a terça parte dela; outro terço está no Museu Paulista. Quanto à outra parte que falta, fora extraída em alguma época por algum fazendeiro para servir de cocho na alimentação de animais, destino dado a muitos outros batelões com o passar do tempo.